segunda-feira, 17 de junho de 2013

Na Bahia, 69% do território poderá se tornar deserto nos próximos 50 anos


Na Bahia, 69% do território poderá se tornar deserto nos próximos 50 anos

Hoje, 17 de junho, é o dia de combate a desertificação. Dos 417 municípios baianos, 289 estão localizados na região semi árido, o que corresponde a 69,30% do território do Estado. Essa região está prevista a se tornar deserto nos próximos 50 anos. As estimativas nada atraentes foram diagnosticadas pelo Coletivo de Pesquisadores (IPCC), promovido pela Convenção das Nações Unidas de Combate a Desertificação (UNCCD). No Estado, entre alguns dos municípios afetados estão: Uauá, Alagoinha, Euclides da Cunha, Abaré, Santa Brígida, Paulo Afonso, Pedro Alexandre, Rodelas, Chorrochó, Jeremoabo, Macururé, Glória, entre outros. 

A implantação do Plano Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAN-Bahia) é um programa executado pelo Governo do Estado da Bahia, através do Instituto de Gestão das Águas e Clima (INGÁ), autarquia da Secretaria do Meio Ambiente.

O INGÁ identificou 52 municípios vulneráveis ao processo de desertificação no Estado, situados no entorno das regiões de Guanambi, Juazeiro, Irecê e Jeremoabo, onde será iniciada a primeira etapa do programa. Nestes locais, em parceria com a Uefs, o INGÁ iniciará um mapeamento detalhado das condições de degradação ambiental e os processos de desertificação, através de indicadores físicos, biológicos e socioeconômicos, sistemas de sensoriamento remoto e de informação geográfica.

Para a presidenta da UPB, Maria Quitéria, além de prevenir e combater a desertificação e recuperar as áreas afetadas, a política de combate à seca terá como objetivos, entre outros, apoiar o desenvolvimento sustentável nas áreas suscetíveis à desertificação; instituir mecanismos de proteção, conservação e recuperação de mananciais, vegetações e solos degradados; e integrar a gestão de recursos hídricos com as ações de prevenção e combate à desertificação.

São diversas as propostas e ações de combates e prevenção do semi-árido baiano que corresponde a 300 mil km². Dentre elas, o Plano Estadual de Combate a Desertificação, que tem como objetivo reduzir o impacto ocasionado pela combinação perigosa de falta de chuva, mecanização agrícola, solo frágil devido ao mau uso e/ou excesso de insumos químicos e a degradação ocasionada pelo homem. Este projeto tem quatro diretrizes: Mudanças climáticas, Convivência com o semi-árido, Desertificação e Políticas Públicas. Para esta última, já estão sendo feitos contatos com instituições que serão responsáveis em promover oficinas com as comunidades vulneráveis.

A seca em 2013 é considerada a pior em 50 anos no Nordeste brasileiro. Um total de 1.050 municípios se encontra em situação crítica em um universo de 1.400 distribuídos em 11 estados, que correspondem a 16% do território brasileiro. Em 2010, estudos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) apontam que parte do Semiárido se transformará em deserto. 

AÇÃO CONJUNTA - De acordo com técnicos de meio ambiente, é necessário que as prefeituras do semi-árido busquem, em ação conjunta com os produtores e técnicos agrários, novas tecnologias para manejo do solo, evitando assim o agravamento do processo de desertificação. Na Bahia existe ainda uma cultura de utilização de técnicas europeias de plantação, o que agrava o manejo do solo, já que o solo baiano é diferente do solo europeu.
Nos 289 municípios do semi-árido baiano, o processo de desertificação tem avançado. De 1991 a 2000, conforme estatísticas do Censo IBGE-2000, a população rural diminuiu em toda a região, passando de 2.210.797 para 1.960.009 habitantes. Além de realizar ações emergenciais no combate à seca, o programa vai mapear todos os recursos hídricos no Estado, incluindo reservas de água subterrânea, e unificar as ações e programas já desenvolvidos por diferentes órgãos da administração estadual.

FENÔMENO CLIMÁTICO - A desertificação é o nome que se dá ao fenômeno climático que torna o solo incapaz para condições de plantio, considerando-se assim, um solo infértil. A desertificação é um fenômeno que atinge todo o mundo. Diante desse acontecimento, a Organização das Nações Unidas (ONU) promove convenções que fomentam o diálogo entre pesquisadores e cientistas para incentivar ações de combate e prevenção, como esta, realizada na Bahia. Esse problema afeta zonas áridas, semi-áridas e semi umidas. No Brasil 32 milhões de pessoas vivem em áreas suscetíveis a desertificação e estão vulneráveis a possíveis mudanças sociais, caso o fenômeno não seja alterado.

O fenômeno da desertificação atinge 33% da superfície do planeta. As áreas afetadas pelo fenômeno abrigam mais de 2,6 bilhões de pessoas, 42% da população mundial. E cerca de 22% da produção mundial de alimentos é oriunda de áreas suscetíveis à desertificação. No Brasil as áreas sujeitas à desertificação se situam nos nove Estados da Região Nordeste, onde vivem aproximadamente 32 milhões de habitantes. Dentre as áreas do semi-árido e as do seu entorno, a Bahia é o Estado que tem o maior numero de municípios afetados. 

O primeiro registro de desertificação em área agrícola é datado de 1930 no meio -oeste dos Estados Unidos. Ao todo, 388.500 km² foram afetados devido ao desmatamento acelerado e a intensificação da exploração do solo. Pessoas morreram de fome e/ou doenças pulmonares e 350 mil foram obrigadas a abandonar a região em que viviam. Outro caso grave de desertificação ocorreu entre 1968 a 1974, em Sahel, região da África que fica localizada entre o deserto do Saara e as terras mais férteis da região Sul. Foi lá que cerca de 500 mil pessoas morreram de fome em função de um intenso período de seca que atingiu a base agrícola de Niger, Mali, Alto Volta, Senegal e Mauritânia, região denominada como África Ocidental. Devido ao acontecimento ocorrido em Sahel, o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola se tornou uma agência das Nações Unidas promovendo ações de combate e prevenção à desertificação. (Fonte: Ascom UPB. Gutemberg Cruz).
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